sábado, 13 de abril de 2013

Sereiar-te..




Debruço-me sobre o leme, pois já não há pra onde rumar. Nem remar.
Já não há sentido seguir.
Na verdade, já não sinto mais nada.

As noites são como os dias, só que com a luz apagada.
E nem estrelas animam o meu sextante.
Pois minha bússola afunda no mar. E continua submersa em meu peito, ou em minha mente.

Não consigo sorrir. Nem gritar. O silêncio é senhor das cordas vocais de maior potência.
E o fundo do oceano me parece similar, mesmo indo só uma vez, ainda penso revê-lo.

Até que ela surge.
Divina. Graciosa. Num salto ornamental, ao emergir das profundezas abissais do mundo que é rainha
Para em minha frente. Inerte. Uma estátua majestosa.
E canta.

Me encanta. Vibra em todos os cantos do meu estômago até espantar as borboletas que ali habitam, há tempos sonolentas.
Me rouba e quando menos espero..
Se vai. Se esvai...

Será que era uma sereia?


[A. Lima]