quinta-feira, 10 de abril de 2014

Arritmia



Cisco nenhum ousou cair nos meus olhos
Quando, em meio ao tudo e nada
Os teus pararam nos meus.
Já os via de longe
Intactos.
Vívidos.
Colossais.
Quase um obelisco.

Mas, tal qual miragem no deserto
Foi como água quando desce a garganta.
Até chegar à barriga, vai estremecendo tudo
Rebolindo tudo
Dando vida a tudo.

Minha visão não é mais tão clara
Vez ou outra se opaca
E, em outras, se cristalina.
Nesse dia até chuviscou
Só pra natureza me tocar na pele
E como um beliscão me dizer que sim.
Que a gente demora pra encontrar um livro que procura
Mas nem sempre tem tempo pra ler.
Nem sempre tem tempo pra crer.
Nem sempre tem tempo.
Nem sempre tem.

Mas em saber que existe
Já é o suficiente.
Porque talvez o melhor da vida está em fantasiar.
E pela minha lei
A gente era obrigado a ser feliz.
E nem tudo é tristeza em solidão.
Há mais amor que em muito beijo
E você tem o coração nos olhos.
Honra a minha ter te visto piscar.
Ainda me causa palpitações.

[A.Lima]