sábado, 11 de janeiro de 2014

Nem um pingo.




Quinta feira.
Tempo nublado.
Centro Histórico.
No chão, pedras de cantoria.
No peito, um silêncio que sufoca.
E, às vezes, até grita.
O céu começa a chorar de alegria.
As gotas de chuva me acertam a cara.
A saudade do que não tive me crava na espinha.
As memórias que nunca morrem acordam na mente.
Então surge, no meio de cada pingo, a sereia que caminha.
Sobre as pedras, entre a escassa água, ela seca a minha garganta.
A cauda, agora, é um longo vestido.
Os cabelos compridos, como sempre, escorridos aos ombros.
Nos olhos, o brilho da pérola que cada ostra protege.
Em sua voz, o canto hipnótico que nos afoga.
Eu queria me afogar, também, mas não devo.
Não posso.
Mas bem que queria.

[A.Lima]