sexta-feira, 19 de julho de 2013

Perpétua.




Teus olhos têm um abismo que eu quero cair.
Na verdade, acho que já estou caindo enquanto escrevo.
Tudo bem, confesso. Se esse abismo tiver um chão, estou pertinho dele.
Tua boca, mesmo em linha reta, me mastiga por inteiro.
Por dentro e por fora.
E isso é uma delícia.
Tua pele é uma carruagem que me arrasta por quilômetros.
E tem um perfume que me massacra. Que me rouba.
E, ainda assim, o preso sou eu.
Preso à ti.
E as algemas têm dois nomes:
Distância. Desejo. Saudade.
Sim, dois nomes.
O primeiro é o pai delas.
Será que ele me dá sua mão em noivado, de longe?

[A. Lima]